Você sabe me dizer a diferença entre mania e TOC?

Você sabe me dizer a diferença entre mania e TOC?

Há quem confunda Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) com simples manias. Para começo de conversa, é necessário ficar atento quando os mesmos começam a comprometer a vida social da pessoa, interferindo significativamente na rotina diária. Atire a primeira pedra quem não tiver uma mania sequer! Por exemplo, manter ou aumentar o volume da TV sempre em múltiplos de cinco. Ou organizar as roupas em escala degradê (não é todo mundo que faz isso). Só conseguir comer o miolo da pizza depois de ter devorado as bordas. Checar se trancou a porta (depois de já ter conferido algumas vezes), e por aí vai.

Porém, para muitas pessoas, o que é apenas um hábito começa a se tornar algo mais sério, um verdadeiro sofrimento. Indivíduos com TOC tendem a ter um comportamento repetitivo em níveis mais intensos e, por consequência disso, a rotina diária deles acaba sendo bastante afetada. Acontece em qualquer lugar, seja em casa, ou no trabalho, e afeta até mesmo os relacionamentos interpessoais. Muitas vezes, chega a interferir na dinâmica da família inteira. Para saber se você apresenta um transtorno obsessivo-compulsivo ou se é uma mania um pouco mais forte, basta analisar o quanto isso influencia o seu dia a dia.

Vamos pensar em um exemplo simples, mas real, de consultório. Aquela pessoa que, ao sair de casa ou diante de uma situação de pressão, precisa fazer um “ritual de benção”. Ela faz o nome do pai, beija o crucifixo, volta, agradece o santo, reza um pai nosso e repete isso mais treze vezes, senão não pode sair. Quem apresenta TOC pode perder minutos ou até horas realizando rituais. Muitas vezes, o paciente com TOC vive um conflito interno. Ele tem consciência dos “exageros”, mas, ao mesmo tempo, sente a necessidade de cumprir tais “tarefas”. É irracional. Definitivamente TORTUUUUURANTE, eu sei!

Os sintomas mais comuns, observados em pacientes que convivem com o transtorno obsessivo-compulsivo, são a preocupação excessiva com simetria (milímetros foram inventados por um motivo óbvio: fazerem pessoas com TOC sofrer), organização (cada coisa tem o seu exato lugar no Universo e, se ela não estiver lá, é o apocalipse), limpeza (lavar a mão nunca é o bastante), acúmulo de objetos e extrema dificuldade em jogá-los fora, mesmo que jamais vá usá-los. Além de ter pensamentos ruins e intrusivos (não é porque alguém demorou dois segundos para responder sua mensagem que significa que ela não goste mais de conversar contigo).

Você sabe me dizer a diferença entre mania e TOC?
Você sabe me dizer a diferença entre mania e TOC?

Na cabeça do paciente com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a obsessão surge com pensamentos involuntários. Eles também são conhecidos como intrusivos. Por mais que a pessoa não queira, tente evitar a todo custo, tal pensamento “invade a mente” dela. E não adianta tentar desvirtuar, pois ele parece que quer ficar ali. Atormentando, para provar que é mais forte que você. Esses pensamentos invasivos tomam conta da mente do indivíduo, controlando-o e deixando-o muitas vezes confuso, em pânico. Ele até consegue identificar que os pensamentos são irracionais, não seguem uma lógica. Mas o problema é ignorá-los: além de extremamente difícil, cansa muito.

Como se não fosse suficiente, para se livrar da obsessão que o castiga, a pessoa executa compulsões para tentar aliviar toda essa tensão. Por exemplo: ela pode acreditar que o único jeito de impedir um acidente na estrada é calibrar os pneus do carro três vezes ao dia, verificar o óleo em cinco postos diferentes. A compulsão tende a desencadear uma sensação de alívio na obsessão: deixa a pessoa melhor ao diminuir a ansiedade. É importante salientar: quem sofre com TOC tem consciência de que isso não é normal e se sente mal. Por isso, o recomendado é procurar ajuda.

Fatos sobre o TOC

Para que você possa entender melhor, vou te contar alguns fatos interessantes e alarmantes sobre o TOC. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este é o quarto tipo de transtorno psiquiátrico mais comum no mundo. Fica atrás apenas da depressão, fobia social e abuso de substâncias químicas. Somente no Brasil, mais de 2 milhões de pessoas apresentam transtorno obsessivo-compulsivo. Outra coisa importante que eu preciso te alertar é o seguinte: esse é um problema crônico, que apresenta picos no decorrer da sua vida. Existem épocas de alta e outras de baixa, porém, ele não desaparece sozinho, sem ajuda profissional.

A única forma de superar o TOC é com tratamento psicoterápico e/ou intervenção medicamentosa em alguns casos. As sessões ajudam a entender e tentar reduzir gradativamente a intensidade dos sintomas. Elas proporcionam um meio de aumentar a produtividade, além de ajudar a entender que é perfeitamente possível sobreviver com um quadro cinco milímetros a mais para direita ou esquerda. E para mostrar como você e seu problema são importantes para mim, tomei o cuidado de dividir esta postagem em exatos oito parágrafos com cem palavras cada. Depois que você terminar de conferir, o que acha de agendar uma consulta comigo?

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